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CHINA
Opinião: Mesmo com desaceleração da China, agro brasileiro tem muitas oportunidades
Após acumular altas no PIB acima de 10% ao ano, nos anos 2000, o país foi reduzindo a marcha na década passada.


Jhonatan Ribeiro
November 6, 2023
A desaceleração do crescimento chinês não deve reduzir a demanda do país por alimentos vindos do Brasil.
A China vai continuar a ter uma forte demanda por alimentos, porque a gente não está vendo uma contração da China, mas sim uma desaceleração. A renda per capita da China vai continuar crescendo, e com esse crescimento, vai ter um aumento do consumo de alimentos.
Quais fatores levaram à desaceleração da China?
Um conjunto de coisas. A política de covid zero afetou muito o funcionamento da economia nos últimos três anos, com vários lockdowns e fechamento de empresas. Além disso, houve desinflação no setor imobiliário, que tem peso muito grande no PIB. O setor de construção civil e suas ramificações correspondem a cerca de 25% do PIB e cerca de 30% do investimento do país.
Além disso, há uma crise de confiança tanto dos consumidores quanto dos empresários. O setor privado na China responde por 80% do emprego urbano e por 60% da economia e tem participação muito grande em inovação e investimento.
Há uma queda de investimento privado desde o começo desse ano. No caso das famílias, a gente está vendo uma reticência em aumentar o consumo. Houve um aumento absurdo do volume de depósitos bancários no primeiro semestre desse ano, que mostra que as famílias estão preferindo guardar do que gastar.
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Como essa desaceleração pode afetar o Brasil?
A China vai continuar a ter uma forte demanda por alimentos, porque não estamos vendo uma contração, mas uma desaceleração. Isso significa que a renda per capita vai continuar crescendo. No ano passado, o PIB per capita da China foi 40% maior do que o do Brasil, e está na casa dos 13 mil dólares, e a previsão do FMI é que chegue a 20 mil dólares em 2028.
Com isso, vai ter um contínuo aumento do consumo de alimentos e uma sofisticação. Nos últimos anos, vimos um aumento da demanda por carne bovina brasileira. A China é hoje o maior mercado para a carne [brasileira], assim como para soja, carne de frango, açúcar, algodão.
No ano passado também foi liberada a exportação de milho, e os embarques devem crescer bastante. Até 2018, 2019, a maior parte da importação era de produtos a granel, como soja em grão. Desde então, a China passou a importar mais produtos prontos para o consumo que tendem a ser industrializados, como carne processada, lácteos, café.
A China está se tornando um grande mercado de café. Isso abre oportunidades para o Brasil. A China é o maior importador de alimentos do mundo e o Brasil é o maior fornecedor de alimentos para a China: responde por 20% do total.
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